A improdutividade é um dos gargalos da economia brasileira e acaba por refletir diretamente nas questões de desigualdade social – problemas que demandam atenção dos agentes públicos para o desenvolvimento da educação, tanto a básica quanto a profissionalizante. É o que afirma o diretor-geral da Faculdade do Comércio, Wilson Victorio Rodrigues, que também é vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e membro do Conselho Estadual da Educação.
Em entrevista ao podcast DC News Talks, Rodrigues deu um panorama geral da educação no país se referindo ao problema como central para o avanço da economia brasileira, e expressou preocupação com o Censo da Educação Superior 2023, divulgado em outubro pelo Ministério da Educação (MEC). Embora os dados tenham mostrado avanço nas matrículas, o ponto de atenção é a qualidade, especialmente no Ensino à Distância (EAD).
DADOS
Segundo o documento do MEC, o número de matrículas seguiu a tendência de crescimento dos últimos anos e chegou a mais de 9,9 milhões – um aumento de 5,6% entre 2022 e 2023: o maior desde 2014. As instituições privadas concentraram a maioria dos matriculados: 79,3% (7.907.652) – um crescimento de 7,3%, no mesmo período. Já as instituições públicas registraram 20,7% (2.069.130) das matrículas, uma ligeira queda de 0,4%, no mesmo intervalo. Houve mais de 4,9 milhões de ingressantes (estudantes que iniciaram um curso de graduação em 2023). Desses, 88,6% (4.424.903) na rede privada e 11,4% (569.089), na rede pública. O ingresso na modalidade EAD representou 66,4% (3.314.402), e em cursos presenciais foi de 33,6% (1.679.590).
Em contraponto ao panorama geral de ingressantes (em que o EAD supera o presencial), na rede pública especificamente, a maior parte dos ingressos ocorreu nas graduações presenciais: 85% (481.578). Os outros 15% (87.511) são alunos de cursos à distância. Para Rodrigues, o fato bom é que cresce o alcance da educação no Brasil. Mas o ruim desse fenômeno se refere à seriedade das instituições. Ele diz que não se pode demonizar o ensino à distância, mas faz um alerta. “O Ministério da Educação precisa olhar para isso de perto. De nada adianta ter vaga, quando no final do curso, o estudante continua mal preparado.”
FACULDADE DO COMÉRCIO
A Faculdade do Comércio é uma iniciativa da Associação Comercial de São Paulo. Também é a faculdade oficial da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), formada por 27 federações, representantes de cada um dos estados, que agregam 2,3 mil associações comerciais e empresariais que associam, por adesão voluntária, mais de dois milhões de empresários em todo o país, pessoas jurídicas e físicas, de todos os setores da economia. Confira a entrevista.