Antonio Carlos Pipponzi, presidente do Conselho de Administração da RD Saúde, grupo dono da Raia Drogasil, que hoje é um ecossistema de 20 marcas, deixa o cargo em dezembro deste ano depois de 48 anos no negócio da família. A rede varejista, que começou com o sogro do pai de Pipponzi, o farmacêutico João Batista Raia, em 1905, em Araraquara, com uma farmácia, é hoje a número 1 do país. Arturo Pipponzi, pai de Antonio Carlos, tomou para si a missão de levar o negócio adiante em 1966. Hoje, são 3.139 espalhadas pelo Brasil, segundo o último relatório aos investidores divulgado pela RD Saúde ao mercado, relativo ao 3T24. “Estou feliz pela história que construí e quem fica tem competência para dar continuidade. Vamos seguir expandindo”, afirmou à Agência DC NEWS no videocast DC News Talks.

A RD fechou o terceiro tri uma receita bruta de R$ 10,7 bilhões, um crescimento de 15,9%. O lucro líquido ajustado foi de R$ 336,8 milhões, alta de 25,5%, com margem de 3%. O digital faturou R$ 1,9 bilhão, avanço de 40% – penetração de 19% no mercado. A companhia vive um bom momento, considera Pipponzi. E sua saída da presidência foi bem calculada, na visão dele. Foram dois anos de processo até a transição, que se encerra agora no dia 31 de dezembro. Ele passa o bastão para Renato Raduan, atual diretor vice-presidente de Operações de Farmácias, Multicanal, Expansão, Logística e M&A. “Entendemos que deveríamos subir alguém de dentro do negócio”, disse. Pipponzi fica no Conselho, mas se dedicará mais ativamente ao instituto que leva o seu nome, que foca no apoio à melhoria da governança no terceiro setor – uma dor que ele enxerga que merece atenção. “Cumpri minha missão com uma liderança conquistada, porque lideranças não são impostas.”

Na entrevista, Pipponzi faz um balanço da sua gestão e ensina sobre varejo, liderança, governança, empreendedorismo no Brasil, entre outros temas. Confira a íntegra.

O varejo brasileiro registra perdas de R$ 4 milhões por hora, todos os dias do ano, conforme divulgou a DC NEWS em outubro. As quebras operacionais, perdas não identificadas, incidentes e prejuízos financeiros somaram cerca de R$ 35 bilhões e em 2022, R$ 31,7 bilhões. Os dados são da Pesquisa Abrappe de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) em parceria com a KPMG, e servem de guia para os principais varejistas do país, segundo o presidente da entidade, Carlos Eduardo Santos. O volume de perdas representa 1,57% sobre as vendas líquidas do varejo restrito ao longo de 2023, que superaram os R$ 2,2 trilhões. O porcentual é o maior da série, desde 2015.

Em entrevista ao DC News Talks, Santos explicou que a prevenção de perdas é vital para todas as empresas, porque a redução delas resulta em aumento de margem de lucro, o que evita a necessidade de aumento de preços. “O dado é o novo petróleo. É essencial que se invista em tecnologia para entender onde as perdas estão ocorrendo.” Ele também disse que as regras precisam ser claras, seja qual for o tamanho da empresa. “Quando você não tem uma regra, o funcionário vai executar a tarefa conforme a cabeça dele e muitas perdas decorrem disso.” Confira a entrevista.

Adriana Auriemo é vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a segunda maior entidade deste segmento do mundo. Ela também é fundadora da Nutty Bavarian, franquia de castanhas glaceadas presente em mil pontos de revenda em todo o país. A marca chegou ao Brasil em 1996, com o primeiro quiosque em Campos do Jordão – SP, se espalhou e passou por um processo de modernização durante a pandemia. "Para momentos de crise, como a pandemia, tive de me reinventar". Hoje, além de manter a franquia, ela passou a revender os produtos in natura para restaurantes, docerias, cafeterias e sorveterias como a Bacio di Latte, que compra da companhia dela, a matéria-prima para as receitas de sorvetes como o de pistache.

A empresária é um caso de sucesso e se transformou em uma liderança feminina com propriedade para falar desde estágios iniciais, como a ideação do negócio, decisão e rebranding. "Esgotem as pesquisas antes de investir. Façam networking, negociem com fornecedores", afirmou. Como VP da ABF, consegue entender os progressos no Brasil neste segmento de franquias – ela cita, por exemplo, a Lei de Franquias , criada em 2019 para tornar o ambiente mais seguro ao franqueado juridicamente.

Em entrevista ao videocast DC News Talks, Adriana discorreu sobre erros que podem ser evitados por pessoas que pretendem entrar no sistema de franquias e também os acertos. A presença feminina no empreendedorismo é outro ponto abordado. Além disso, as oportunidades que estão na prateleira, hoje com destaque entre as franquias de maior faturamento – beleza e bem-estar. Confira a entrevista.