Um pulo em Paris Podcast Por RFI Brasil arte de portada

Um pulo em Paris

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De: RFI Brasil
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Direto da redação da Rádio França Internacional em Paris, em parceria com a Rádio CBN, Adriana Moysés e Daniella Franco contam as novidades e curiosidades de um dos lugares mais visitados do mundo.

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  • Como a extrema direita global usa a retórica da perseguição para desviar de investigações judiciais
    Jul 11 2025
    A decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, sob a justificativa de que o governo Lula e o Judiciário estariam promovendo uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, não é um gesto isolado. A retórica da perseguição política, usada para deslegitimar investigações e decisões judiciais, tem se consolidado como uma estratégia comum entre líderes e partidos de extrema direita em diferentes democracias. Na França, o partido Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, adotou discurso semelhante esta semana ao reagir a novas investigações sobre financiamento ilegal de campanhas e desvio de recursos do Parlamento Europeu. A legenda acusa juízes, "as elites" e a imprensa de conduzirem uma campanha ideológica contra seus dirigentes, em uma narrativa que ecoa as falas de Trump e Bolsonaro. Em março, Le Pen foi condenada a cinco anos de inelegibilidade por desvio de recursos do Parlamento Europeu. Embora tenha recorrido, a confirmação da sentença pode impedi-la de disputar a presidência em 2027. Agora, o RN enfrenta duas novas frentes de investigação: uma sobre o uso abusivo de empréstimos de pessoas físicas em campanhas eleitorais, e outra, mais grave, conduzida pelo Ministério Público Europeu, que apura o desvio de cerca de € 4,3 milhões entre 2019 e 2024. Nesta semana, a sede do partido em Paris foi alvo de buscas por parte de policiais e juízes. Documentos foram apreendidos, e há suspeitas de que os recursos desviados tenham beneficiado empresas ligadas a aliados próximos de Le Pen, por meio de contratos sem licitação adequada. O presidente do partido, Jordan Bardella, reagiu classificando a operação como “assédio político” e acusando parte do Judiciário de agir com motivação ideológica. Um porta-voz do RN chegou a fazer alegações falsas sobre sindicatos de juízes, desmentidas por checagens documentadas pela imprensa. Crise de confiança A ofensiva contra o Judiciário francês não é exclusiva da extrema direita. Nesta sexta-feira (11), três deputados de centro-direita e direita conservadora também foram declarados inelegíveis por irregularidades nas contas de campanha. Ainda assim, a retórica de perseguição tem sido mais sistematicamente explorada por partidos como o RN, que buscam mobilizar sua base eleitoral e desviar o foco das acusações. A confiança da população francesa na Justiça está em queda: apenas 48% dizem confiar no sistema judiciário, segundo pesquisa do Instituto Ifop divulgada em abril. Especialistas alertam que ataques à independência do Judiciário alimentam essa crise e colocam em risco os pilares do Estado de Direito. Nos Estados Unidos, Trump enfrenta vários processos e acusa o sistema de ser manipulado por “juízes de esquerda”. No Brasil, Bolsonaro e seus aliados também alegam ser vítimas de perseguição. Em todos os casos, a retórica da perseguição política serve como escudo contra investigações legítimas. E como mostra a tarifa imposta pelo presidente dos EUA ao Brasil, pode até ser usada como justificativa para ações controversas de intimidação contra um país soberano. Justiça francesa: absolvições e condenações recentes mostram atuação firme e diversa Dois ex-ministros da Saúde da França, Olivier Véran e Agnès Buzyn, foram recentemente inocentados pela Justiça após investigações relacionadas à gestão da pandemia de Covid-19. Ambos haviam sido acusados de falhas na antecipação e no enfrentamento da crise sanitária. No entanto, após análise detalhada dos fatos, o tribunal concluiu que não houve negligência penal por parte dos ex-ministros, reconhecendo a complexidade e a imprevisibilidade do contexto da pandemia. Os dois ex-ministros são do partido do presidente Emmanuel Macron. Em contraste com os casos de absolvição, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy teve sua condenação por corrupção e tráfico de influência confirmada pela Justiça. Ele foi sentenciado a um ano de prisão no chamado “caso das escutas telefônicas”, mas cumpriu a pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica. Em maio, Sarkozy obteve liberdade condicional e teve o monitoramento eletrônico suspenso. Aos 70 anos, o ex-líder da direita ainda responde a outros processos, incluindo o julgamento sobre o suposto financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007 com recursos do regime líbio de Muammar Khadafi. Outro caso emblemático é o do ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, condenado em junho deste ano a quatro anos de prisão com suspensão condicional da pena, além de uma multa de € 375 mil e cinco anos de inelegibilidade. A condenação se refere ao escândalo conhecido como “Penelopegate”, revelado em 2017, quando veio à tona que Fillon contratou sua esposa, Penélope, como assessora parlamentar sem que ela exercesse efetivamente a função.
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  • Entenda por que a atual onda de calor na Europa é uma das mais preocupantes já registradas
    Jul 2 2025
    A Europa é palco da primeira onda de calor deste início de verão no Hemisfério Norte, com novos recordes de temperatura e com uma duração inédita. Mortes relacionadas ao calor foram registradas nos últimos dias na Itália, Espanha e na França. Países do sul da Europa estão vivendo sob o alerta máximo a temperaturas extremas. Daniella Franco, da RFI A Europa não esquece a onda de calor registrada em agosto de 2003, quando mais de 70 mil pessoas morreram em decorrência das temperaturas extremas. Em termos de gravidade, o atual episódio não pode ser comparado ao de 22 anos atrás, mas ele tem características que levam especialistas em clima a classificá-lo como um dos mais preocupantes dos últimos tempos. Até os anos 2000, ondas de calor antes do início do verão no Hemisfério Norte eram consideradas raras na Europa. O período atual, que teve início no final de junho em vários países do sul, leva os cientistas a acreditarem que o fenômeno é uma nova tendência. Outro ponto que torna essa onda de calor mais grave do que várias das anteriores são os recordes de temperatura registrados nos últimos dias da primavera: uma situação inédita. Os termômetros marcaram 46°C em El Granado, no sudoeste da Espanha, no sábado (28), e 46,6°C, no centro-sul de Portugal, no domingo (29). O atual episódio também é considerado mais longo. Há alguns anos os períodos de calor intenso duravam alguns dias em julho e agosto. Neste ano, a primeira onda de temperaturas extremas já dura 14 dias, com previsão de se estender até o próximo fim de semana. Além disso, o registro de calor intenso em países que antes não conheciam ondas de calor também é preocupante. Nesse episódio atual, não apenas países do sul da Europa - Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia - estão sufocando. Nações do norte e do centro também registram temperaturas acima da média. É o caso de Reino Unido, Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Suíça, República Tcheca e Croácia. Balanço dos estragos da onda de calor Até o momento, o balanço de mortos desta onda de calor é de seis óbitos: dois na Itália, dois na Espanha e dois na França. No entanto, teme-se que o número de vítimas aumente nos próximos dias devido à previsão de continuação da onda de calor em alguns países e devido à quantidade de pessoas hospitalizadas. Apenas na França, os bombeiros socorreram cerca de 300 pessoas nos últimos dias devido ao “mal-estar térmico”. Na Itália, os hospitais registraram um aumento de 20% nos serviços de emergência, principalmente pessoas idosas sofrendo de desidratação. A multiplicação dos incêndios florestais neste período está sendo considerada como o principal impacto ambiental da primeira onda de calor de 2025 na Europa. Pelo menos quatro países registram fogo nas florestas e nas matas neste momento. Na Catalunha, no nordeste da Espanha, duas pessoas morreram e 6.500 hectares foram destruídos pelas chamas. Na Grécia, os bombeiros combatem um grande incêndio no sul de Atenas. A França registra dois focos atualmente, um no nordeste e outro na Córsega (sul). Já na Itália, o alerta para fogo florestal foi ativado em várias regiões, com cortes preventivos de eletricidade e restrições de atividades ao ar livre em várias localidades. Impacto na economia Um estudo divulgado na terça-feira (1°) pela Allianz Research, prevê a queda de mais de um ponto do PIB dos países mais atingidos pela atual onda de calor na Europa. Numa escala europeia, o PIB do bloco pode cair 0,5%. O grupo alemão calcula que um dia de trabalho com os termômetros marcando acima de 32°C equivale a um meio dia de greve. Segundo o estudo, quando o calor começa a exceder a marca de 32°C, a capacidade de desempenhar um trabalho físico cai 40%. A partir de 38°C, a queda na capacidade física é de mais de 66%. A razão é que com o calor intenso, o cérebro desacelera, os músculos se cansam mais rapidamente e a produtividade do trabalhador despenca. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já vem fazendo esse tipo de alerta há alguns anos. Em 2024, projeções que foram calculadas com base em um aumento de temperatura de 1,5°C até o final desse século mostraram que 2,2% do total de horas trabalhadas no mundo inteiro vão ser perdidas por causa das temperaturas extremas. A previsão equivale a uma perda na produtividade de 80 milhões de empregos em tempo integral em todo o mundo. Um futuro “escaldante” Segundo um comunicado divulgado na terça-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), esse atual episódio de temperaturas extremas não é uma exceção ou um acidente, mas “um prenúncio de um futuro escaldante”. Baseado em avaliações do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o comunicado diz que nos próximos anos as ondas de calor se multiplicarão, se intensificarão, e serão mais longas. A Europa já é o continente que...
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  • Polícia francesa relativiza onda de agulhadas na Festa da Música, mas confirma que mulheres foram alvo
    Jun 27 2025
    A França é palco de uma forte preocupação depois que dezenas de picadas com agulhas supostamente contaminadas foram denunciadas às autoridades por frequentadores da Festa da Música no último fim de semana. A polícia francesa prendeu 14 homens e confirmou nesta semana que os ataques visaram mulheres. A população teme que essas agressões se repitam nas centenas de eventos ao livre programados para esse verão no país. Daniella Franco, da RFI Dados divulgados pelo Ministério do Interior da França apontam que 145 pessoas prestaram queixa na polícia alegando terem sido picadas durante a Festa da Música no último sábado (21). As violências foram registradas em várias cidades francesas: Paris, Lyon (centro leste), Angoulême (sudoeste), Estrasburgo, Metz, Nancy e Colmar (nordeste) e em Rouen (norte). Todas as vítimas passaram por análises toxicológicas, mas, na maioria dos casos, o resultado foi negativo ou não houve conclusão. Em nenhuma das pessoas que prestaram queixa e passaram por hospitais e centros de saúde do país alegando ter sido alvo de picadas foram detectadas substâncias psicotrópicas, patógenos ou qualquer tipo de contaminação. No entanto, várias das vítimas apresentaram marcas de agulhas e relataram sintomas, como vertigem, náusea, dor e mal-estar. As autoridades francesas deram sequência às investigações durante a semana e a polícia indicou que prendeu 14 homens, com idades entre 19 a 44 anos, identificados graças a imagens de câmeras de segurança nas ruas ou graças a testemunhas. A metade desses detidos já tinha passagem pela polícia. No entanto, segundo os investigadores, os trabalhos são complicados: as autoridades alegam que há poucas provas até o momento para que os suspeitos sejam formalmente indiciados. A maioria deles já foi liberada. Ameaça à segurança e liberdade das mulheres A porta-voz da polícia nacional da França, Agathe Foucault, confirmou nesta semana que as convocações nas redes sociais para que mulheres fossem picadas durante a Festa da Música no último sábado existiram. No entanto, para ela, é preciso "relativizar" porque a mobilização para a execução das picadas não foi “massiva”. Enquanto autoridades francesas minimiza a gravidade dos incidentes do último sábado, associações e iniciativas civis pedem o reforço de medidas de prevenção em locais festivos e de grandes aglomerações. “Sendo psicose ou não, o resultado é o mesmo, as pessoas estão assustadas e precisam ser tranquilizadas”, destacou a fundadora do Centro de Agressões por Substâncias da França, Leila Chaouachi, em entrevista à FranceInfo. Segundo a ONG feminista Nous Toutes (Nós Todas), não há dúvidas: o objetivo da criação e da difusão da onda de pânico das agulhas contaminadas tinha como objetivo assustar as mulheres e convencê-las a não saírem de casa. Já a socióloga Louise Gasté, especializada em violências sexuais e sexistas em meios festivos, afirmou à rádio FranceInfo que os agressores pretendem mostrar que “os espaços exteriores”, são perigosos às mulheres. “O ato de se liberar durante a festa é marcado por um reforço das normas de gênero com homens que, para impressionar seus amigos, se lançam em desafios, em caçadas”, observa. Contas de feministas e de organizações de defesa dos direitos das mulheres compartilharam alertas no último fim de semana. Uma publicação do perfil feminista Abregesoeur, junto com o The Sorority - um aplicativo destinado às mulheres para emitir pedidos de socorro - recomendando como agir em caso de agulhada, teve recorde de likes e compartilhamentos. Fenômeno das agulhadas é antigo Na França, há registros de agressões com agulhas desde o século 19. Em 1819, cerca de 400 francesas denunciaram às autoridades terem sido alvo de picadas no país. O fenômeno atravessou séculos: em 1982, 63 mulheres registraram queixa na polícia por terem levado agulhadas em Paris. A partir do início dos anos 2020, casos de picadas com seringas também foram registrados no Reino Unido e na Irlanda, a maioria deles nesses grandes festivais de música. A Alemanha e a Bélgica também tiveram relatos similares nesse mesmo período. O modus operandi de toda essa onda de ataques recentes com seringas nos anos 2020 na Europa é o mesmo. As picadas têm como alvo jovens do sexo feminino e ocorrem em eventos festivos com grandes aglomerações. A França já havia contabilizado 771 denúncias de agulhadas apenas na Festa da Música de 2022, segundo dados do Departamento de Medicina Legal de Paris. Um estudo publicado em 2024 no Journal of Forensic and Legal Medicine (Revista de Medicina Legal e Forense), analisou 171 agulhadas registradas na França em 2022. Segundo os autores da pesquisa, quase 82% das vítimas das picadas foram mulheres. Eles destacam que entre esses casos estudados não houve intoxicação e não há evidências de agressão sexual por parte dos ...
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