Episodios

  • Moda circular e upcycling reforçam caminhos sustentáveis para um setor têxtil em transição
    Jul 10 2025
    No Brasil, em 2023 cada cidadão descartou, em média, 21 quilos de têxteis, couros e borrachas por ano, segundo levantamento da S2F Partners, hub especializado em gestão de resíduos e economia circular. Na Europa, o cenário também é preocupante: de acordo com a Agência Europeia do Meio Ambiente, cada habitante da União Europeia gera cerca de 16 quilos de resíduos têxteis anualmente. Diante deste quadro, impulsionado pelo mercado fast fashion, iniciativas como a moda circular e o upcycling de tecidos ganham força para promover uma economia mais sustentável. O objetivo é reduzir o impacto ambiental do setor têxtil e promover práticas que valorizem a reutilização das peças e a responsabilidade ambiental. Somente na França, a Refashion, organização de gestão e prevenção de resíduos têxteis, calcula que os franceses joguem fora em média 700 mil toneladas de roupas todos os anos – e os números vem aumentando, estimulados pelo alto consumo a baixos custos, facilitado pelas compras online. Novas formas de consumo e redução do lixo têxtil Em Paris, a estilista franco-brasileira Márcia de Carvalho está por trás da Chaussettes Orphelines, associação que oferece uma segunda vida às meias e outras peças pelo reaproveitamento de fios. As peças rejeitadas são transformadas em fios para bordados e costura. Márcia destaca a importância de marcas, agências do governo, associações e instituições “comunicarem e criarem uma pedagogia em volta do desse assunto”, para alertar o consumidor final sobre o descarte de roupas e calçados. “É super importante porque é uma mudança de comportamento. A gente tenta fazer isso comunicando através das coletas e explicando que tem outras formas de tratar o lixo, que começa já pela triagem", explica. "Não é apenas jogar fora, mas procurar lugares que vão transformar. É um primeiro gesto de para redução desse lixo têxtil. Outra coisa é a pedagogia do conserto, do reparo, de customizar a peça, que é um jeito bem legal de reduzir esse lixo”, defende a estilista. Em Paris, a Chaussettes Orphelines divulga oficinas para encorajar o conserto de roupas e a criatividade para transformar peças antigas ou com algum defeito. A iniciativa também já capacitou centenas de mulheres para o mercado de trabalho, desde 2008. Márcia enfatiza ainda a coletas de materiais que a associação realiza em empresas e que cofinanciam as iniciativas de upcycling. Ressignificar os resíduos têxteis industriais No Brasil, dados de 2023 indicam um descarte de 4,6 milhões de toneladas de lixo têxtil por ano pela população. Mas os números são mais impressionantes na indústria, que jogam fora cerca de 37 vezes mais, mesmo que o país tenha uma série de leis que regulamentam a reciclagem de resíduos industriais, salienta Ariane Santos, fundadora da empresa paranaense Badu Design, que atua no upcycling socioambiental. “São mais de 170 milhões de toneladas de material residual por ano. Tem a regulamentação, mas não tem a fiscalização, então o número hoje de material residual industrial é bem maior. A gente fala que é só a ponta do iceberg. São materiais que devem durar mais de 500 anos no meio ambiente”, aponta Ariane. O trabalho da Badu Design é dar uma nova vida aos resíduos industriais têxteis das empresas e também de gerar empregos, já tendo formado mais de 1,5 mil mulheres periféricas em design circular de transformação residual, no Paraná, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, e, em breve, em Minas Gerais. “O que a gente faz hoje é oferecer para as indústrias um serviço que visa ressignificar esse material. Algumas empresas fornecem toneladas de materiais. Formamos mulheres em periferias e favelas para fazer toda uma produção de produtos que têm design mais contemporâneos e que venham agregar valor. Depois, essa empresa faz a recompra”, diz, à RFI. Ariane Santos conta que a capacitação gera uma mudança econômica para as mulheres que estão na periferia e favela. “A gente também faz com que a indústria não veja [o descarte de resíduos têxteis] como mais uma ação social, mas sim como uma responsabilidade que ainda agrega valor para ela em dois pontos: na questão da imagem da empresa sobre riscos ambientais, evitando multas, mas também trazendo uma possibilidade de ser rentável”, esclarece. As duas empresárias, com atuação no Brasil e na França, acreditam que a adaptação econômica por meio da transformação dos resíduos pode movimentar uma mudança cultural no setor têxtil, um dos setores da indústria que mais poluem o planeta.
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  • Nova meta da OTAN reforça virada geopolítica para uma economia de guerra
    Jun 25 2025

    Os trinta e dois países-membros da OTAN reunidos em Haia, na Holanda, debatem um acordo que prevê que 5% de seu PIB seja direcionado à defesa: 3,5% à chamada "defesa pura", com armas e tropas, e 1,5% suplementar aos investimentos em cybersegurança e mobilidade militar. O objetivo é um dos temas centrais da Cúpula da Otan, que termina nesta quarta-feira (25).

    Mais de um terço dos membros da aliança ainda não alcançaram o objetivo atual de dedicar ao menos 2% de seu produto interno bruto à defesa, ainda que as despesas no setor aumentaram desde a invasão russa à Ucrânia há três anos.

    Com a escalada militar na guerra entre Israel e Irã, após a intervenção dos Estados Unidos no domingo (22), bombardeando três locais nucleares iranianos, as despesas com armamentos passam a ser prioridade para vários governos ocidentais.

    Além disso, desde sua eleição em novembro de 2024, o presidente norte-americano Donald Trump condicionou sua participação na OTAN ao aumento da contribuição financeira dos aliados.

    David Baverez, especialista em geopolítica e autor do livro Bienvenu en Économie de Guerre (Bem-vindo à Economia de Guerra, em tradução literal), explicou em entrevista à France 24 (canal de tevê do grupo da RFI), que esta nova organização geopolítica coloca os países ocidentais em direção a uma economia de guerra, que ele diferencia da economia de defesa que visa apenas o aumento das despesas no setor em relação ao PIB.

    "A economia de guerra não é apenas uma economia de defesa. Quando se está em uma economia em tempos de paz, como vivenciamos por 30 anos, entre 1989 e 2020, a economia é impulsionada pela demanda, pelo consumidor. Em uma economia de guerra, você é impulsionado pela oferta e, mais especificamente, pela produção, ainda mais precisamente, pelos gargalos de produção, porque é muito difícil produzir", explica.

    "Mas o que os políticos estão tentando dizer é que é apenas um problema de defesa e que, se passarmos de 2% para 3% do PIB para a defesa, o problema estará resolvido e nós, os cidadãos, não sentiremos o impacto. E eu digo que não é bem assim. A economia de guerra afeta a todos porque todos, em nossas atividades, vemos claramente que a dificuldade hoje é produzir."

    Impacto social

    O impacto para a população e a incompatibilidade com o sistema de proteção social de um aumento das despesas militares foram os motivos reivindicados pela Espanha para se manter fora do acordo.

    O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez escreveu ao secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, alegando que o compromisso de gastar 5% do PIB em defesa "não era apenas irracional, mas também contraproducente".

    No domingo (22), Sánchez afirmou que havia chegado a um acordo com a Aliança que permitiria ao país cumprir seus compromissos sem ter de aumentar o gasto de defesa até o nível exigido pela organização.

    Mas para Christophe Gomart, vice-presidente da Comissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu, os investimentos em defesa podem ter um impacto positivo nas economias europeias.

    "Os países terão, de fato, que gastar muito mais. Gastar mais significa mais contratos. Para as nossas indústrias de defesa, isso significa mais faturamento. Ou seja, é um círculo virtuoso: se gastarmos mais em defesa, faremos os fabricantes trabalharem mais, faremos os empregos funcionarem mais e enriqueceremos”, disse em entrevista à RFI, afirmando que, para que isso aconteça, é necessário manter os investimentos dentro da União Europeia. “Existem todos os tipos de indústrias de defesa na Europa. Somos perfeitamente capazes de atender às necessidades europeias de armas."

    Mas o aumento dos gastos dos países com armamentos preocupa, como explica Loïc Founil, porta-voz da coalizão de organizações contra a militarização, Guerra à Guerra, que teme que os investimentos em educação e saúde sejam redirecionados para defesa.

    "Uma economia de guerra significa que não há dinheiro para as escolas, não há dinheiro para os hospitais, mas gastamos milhões para financiar drones, canhões, etc. Sempre houve pessoas que se opuseram às guerras, à produção de armas. Nós, da coalizão Guerra à Guerra, queremos retomar esta tradição antimilitarista", diz.

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  • Paris Air Show reúne novidades da aviação em edição marcada pela guerra e investimentos em defesa
    Jun 18 2025
    O maior e mais antigo salão aeronáutico e espacial do mundo, o Paris Air Show, acontece até domingo (22) no aeroporto de Le Bourget, nos arredores da capital francesa. Ponto de encontro para fabricantes de aviões e armamentos, o evento é a ocasião para apresentar tecnologias de ponta e anunciar novos contratos. Este ano, porém, a programação sofre o impacto da guerra comercial e da escalada de tensões entre Israel e o Irã. Maria Paula Carvalho, de Paris Quase metade dos 2.400 expositores são franceses, de grandes corporações a pequenas e médias empresas.O Brasil é representado por dez fabricantes que oferecem soluções avançadas para os setores aeroespacial e de defesa, com destaque para a Embraer, presente no salão há mais de 40 anos, e que exibe o jato E195-E2 e o cargueiro militar KC-390 Millennium, já adquirido por países como Holanda, Áustria e Suécia, além do A-29 Super Tucano, aeronave leve de ataque e treinamento. Entre os destaques comerciais, a europeia Airbus anunciou importantes encomendas: a AviLease adquiriu 10 cargueiros A350F e 30 modelos A320neo, com opção de ampliar para 22 e 55 unidades, respectivamente. Já a Riyadh Air encomendou 25 Airbus A350-1000, com direito de compra de mais 25 aeronaves. A fabricante americana Boeing, por sua vez, reduziu sua participação este ano, após a queda de uma de suas aeronaves operadas pela Air India, na semana passada. A tragédia, de causas ainda desconhecidas, deixou 279 mortos entre ocupantes do avião e pessoas atingidas em terra. O diretor-geral da empresa, Kelly Ortberg, que era aguardado no salão para falar dos planos de recuperação da companhia, cancelou a sua vinda a Paris. Foco na defesa Cerca de 47% dos expositores têm atuação militar, refletindo o foco crescente em defesa. Em meio ao conflito na Faixa de Gaza e a recente ofensiva de Israel contra o Irã, o governo francês ordenou o bloqueio do acesso aos estandes de cinco fabricantes israelenses de material bélico que exibiam "armas ofensivas", segundo autoridades francesas.Os estandes da Israel Aerospace Industries (IAI), Rafael, Uvision, Elbit e Aeronautics foram cobertos por lonas pretas. Uma decisão "escandalosa" e "sem precedentes" segundo Shlomo Toaff, vice-presidente da Rafael, fabricante de mísseis israelenses. “Um dos nossos funcionários ligou para os organizadores. Eles disseram que se tratava de uma ordem do governo francês. Isso é estranho, pois na semana passada, um tribunal francês, que havia sido acionado, decidiu que poderíamos participar do evento. Apesar dessa decisão, o governo não permite mostrar o nosso estande: é escandaloso!”, lamentou. Se a edição de 2023 viu as encomendas aumentarem após a pandemia de Covid-19, a edição deste ano acontece num contexto de guerra comercial e da desaceleração da economia mundial, com as empresas enfrentando custos em alta e cadeias de suprimentos afetadas. “O maior desafio atual dos industriais, seja civis ou ligados à defesa, é a capacidade de aumentar a produção", explica Louis Catala, consultor aeronáutico.Em entrevista à RFI, Catala afirma sobre o futuro do setor: "Hoje, vemos que as carteiras de encomendas estão completas pelos próximos anos e a questão é saber com que velocidade é possível aumentar as entregas. Outro ponto importante é saber em que momento poderíamos passar a uma economia de guerra, a questão não é se, mas quando isso aconteceria, para que os fabricantes possam organizar a sua capacidade material e planificar os pedidos". Corrida ao espaço Enquanto muitos países se lançam na corrida espacial, franceses e europeus mostram sinais de declínio nessa área. Menos lançamentos, menos financiamento e uma dependência crescente de tecnologias estrangeiras.De acordo com um relatório do Instituto Montaigne, a Europa responde atualmente por apenas 5% da massa orbital global lançada a cada ano. O bloco também investe seis vezes menos do que os Estados Unidos nessa área estratégica, em que almejava a liderança global. A Europa sofre o impacto da dominação americana, em particular da empresa SpaceX, de Elon Musk, que realizou 138 dos 145 lançamentos americanos em 2024, graças aos seus foguetes reutilizáveis. Os europeus, por sua vez, registraram apenas três lançamentos, devido à aposentadoria do Ariane 5, ao atraso do Ariane 6 e do Vega-C, e à perda de acesso aos foguetes russos Soyuz. É no espaço, no entanto, que surge um novo mercado. Satélites fora de uso ou resíduos perigosos em órbita representam sérios riscos. Esses destroços voadores podem causar danos significativos a satélites ou estações espaciais, explica Quentin Verspieren, coordenador do programa de segurança espacial da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). “Estimamos que um destroço de um centímetro que entre em contato com um satélite libere a mesma energia da explosão de uma ...
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  • Eventos sobre oceanos dão impulso inédito à economia azul
    Jun 11 2025
    A 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos em Nice, na França, esta semana, e o Fórum de Economia e Finanças Azuis, ocorrido no domingo, em Mônaco, dão um impulso inédito à economia azul, as diversas atividades realizadas no oceano de forma sustentável. Elas englobam desde setores tradicionalmente dependentes dos mares, como a pesca, o turismo e o transporte, até alta tecnologia – de bioquímica aos cabos submarinos usados para a conexão mundial de internet. Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a Nice Segundo estimativas reveladas em Mônaco, o potencial de oportunidades econômicas e financeiras é de US$ 25 bilhões ao ano. A ONU e as maiores instituições multilaterais financeiras, como o Banco Mundial, salientam que a “blue economy” estimula o crescimento econômico nos países, principalmente em desenvolvimento, e, quando implementada segundo critérios ambientais rigorosos, ajuda a preservar os ecossistemas marinhos. O professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) Alexander Turra, diretor da cátedra sobre Sustentabilidade do Oceano da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura), vê um “potencial gigantesco” para o Brasil, com seus quase 10 mil quilômetros de áreas costeiras. Ele brinca que a economia azul vai "do bolinho de aipim” nas praias brasileiras até a produção de energia renovável offshore. "Agora ela é ampliada para outras atividades que ajudam o oceano a manter a sua vitalidade. O saneamento, que ajuda a combater a poluição das cidades, também pode ser enquadrado como economia azul, porque ajuda a não perdermos o potencial do turismo, por exemplo”, explica. Os potenciais variados no turismo costeiro ainda incluem ações ambientais importantes como promover a proteção de recifes de coral e manguezais. "A gente também está falando de inovação, tecnologia, celulares, aplicativos, startups – empresas que estão começando e precisam ser aceleradas. É um ecossistema de oportunidades”, aponta. Economia do mar x economia azul O biólogo marinho Ricardo Gomes, presidente do Instituto Mar Urbano, estreou no evento o documentário Quanto vale o azul?, sobre o uso sustentável dos recursos do mar no Rio de Janeiro. O filme ilustra o potencial econômico para a cidade do turismo sustentável, a biotecnologia marinha e a pesca responsável, entre outros exemplos – atividades que, ao mesmo tempo, são regenerativas do meio ambiente. Na área da pesca, Gomes observa que os conhecimentos tradicionais de comunidades locais garantem os estoques pesqueiros a longo prazo. Na escala mundial, a pesca industrial – que explora cerca de 80% dos peixes – causa prejuízos estimados em US$ 83 bilhões aos pescadores artesanais por ano, conforme a ONU. "É muito importante a gente separar a economia do mar da economia azul. A economia do mar é também tudo que a gente vem fazendo de errado com relação ao oceano: a pesca industrial, a exploração de petróleo, o transporte marítimo em larga escala. Eles não estão preocupados em não deixar pegada e preservar”, salienta Gomes. "A economia azul é aquela que, por exemplo, cultiva alga que não agride o meio ambiente e filtra toxinas da água, absorve CO2, produz alimento e abrigo para a fauna marinha. Preservar a vida no mar, garantir a transição da economia do mar para uma economia azul, é garantir a nossa resiliência enquanto espécie, no enfrentamento às mudanças climáticas”, disse. Flexibilização da legislação pode afastar investimentos Na conferência de Nice, a UNOC3, os países estão apresentando compromissos voluntários para reforçar a proteção dos mares da poluição, da pesca excessiva e do aquecimento global, que ameaçam a continuidade das atividades que dependem dos oceanos. O pesquisador Alexander Turra salienta que, ao apresentar sete compromissos voluntários, o governo brasileiro sinalizou à comunidade internacional, mas também empresarial, que o país busca atrair investimentos nestes setores. "A gente criou uma janela pública de oportunidade política para o oceano entrar e de lá nunca mais sair – e isso nunca havia acontecido da forma como agora”, celebra. "A gente tem a oportunidade de ampliar isso e trazer responsabilidade em relação a esse passo futuro que a gente quer dar, de uma economia sustentável do oceano, que tem três pilares: a proteção efetiva de pelo menos 30% das nossas áreas marinhas até 2030, a produção sustentável – que significa racionalizar recursos e rejeitos –, e a prosperidade equitativa, ou seja, o dinheiro que vai ser gerado tem que ser compartilhado com quem vive nesses lugares”, frisa. O professor da USP avalia que a conferência de Nice trouxe uma nova perspectiva para todo o setor, ao passar da etapa da discussão para a da ação pela preservação dos oceanos. Ele destaca que, cada vez mais, os critérios ambientais pesam nas ...
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  • Dobram as fusões e aquisições de empresas francesas no Brasil, e a tendência deve continuar
    May 21 2025
    No ano que marca o bicentenário das relações diplomáticas, a França continua demonstrando forte interesse pelo Brasil. Em 2024, os franceses se consolidaram como o segundo maior grupo de investidores por meio de fusões e aquisições no mercado brasileiro, em setores como infraestrutura, transporte, energia, entre outros. Essa parceria tende a continuar próspera, segundo especialistas e empresários ouvidos pela RFI. Estudo da consultoria PwC Brasil indica um aumento de 50% no número de negócios fechados em 2024 em relação ao ano anterior, com 21 fusões e aquisições realizadas por empresas francesas no mercado brasileiro. Um exemplo é a Swile, especializada em benefícios flexíveis, como vouchers e vales, que já conta com 220 funcionários e 800 mil usuários de seus cartões no Brasil, seja para alimentação, combustível, prêmios ou outros fins. A empresa atua no mercado brasileiro desde a aquisição da Vee Benefícios, a primeira startup brasileira focada em benefícios.Em entrevista à RFI, o CEO Global da Swile, Loïc Soubeyrande, explica por que o Brasil é um mercado estratégico: "O país dispõe de um sistema financeiro moderno e fortemente regulamentado, sem falar que os brasileiros são pioneiros na adoção de novas tecnologias", afirma o executivo francês. "A solidez do direito trabalhista nos dois países também cria uma afinidade natural", continua o executivo francês. "O Brasil não é somente um grande mercado, é também um país estratégico para inovação e crescimento global", conclui.De acordo com o CEO da Swile no Brasil, Júlio Brito, a expectativa da empresa é alcançar lucratividade no país em 2025. "Com a aquisição da Bimpli, o grupo BPCE, o segundo maior banco da França, passou a ter 22% de participação. Isso nos trouxe muito mais solidez e oportunidades", avalia em entrevista à RFI.O executivo comenta a aquisição pelo grupo francês e as oportunidades que ela representou: "Hoje, nós oferecemos até oito benefícios em um único cartão, de maneira simples, sem necessidade de vários plásticos na carteira. É um ganho de eficiência para o RH (Recursos Humanos) e para o colaborador, que tem muito mais liberdade de utilização", acrescenta. "Oferecemos às empresas uma solução ultramoderna para que possam pagar os vouchers e vales aos funcionários. O mercado brasileiro é um dos maiores do mundo, com mais de 20 milhões de trabalhadores beneficiados e fatura cerca de R$150 bilhões por ano – é o maior do mundo em volume", analisa. Experiência de usuáriaQuem também sai ganhando é o consumidor brasileiro. "Ter um vale que funciona como cartão de crédito é uma boa solução, facilita muito a minha vida. Eu consigo gastar o valor que recebo em qualquer lugar", explica a jornalista Marianna Perri.Ela destaca as vantagens de ser usuária do serviço e a confiança que sente em uma empresa de origem francesa: "Ele também funciona na carteira do celular, não preciso andar com cartão de plástico por aí. Como usuária, é muito mais fácil para mim e para a empresa também. Eu recebo meus vales – alimentação e refeição – e tenho auxílio home office", continua. "Eu me sinto bastante confortável em saber que é uma empresa francesa que está por trás. As empresas francesas no Brasil têm uma reputação forte e relevante, e isso me traz segurança de que não vou perder dinheiro, de que o cartão não será descontinuado", conclui.Outro destaque é a empresa de navegação CMA CGM, que anunciou a compra da operadora Santos Brasil, em um negócio avaliado em R$ 13,2 bilhões, por meio do qual a companhia francesa se tornou operadora de um dos principais portos brasileiros.Já presente em aeroportos nacionais, a francesa Vinci venceu o leilão para a concessão rodoviária entre Goiás e Minas Gerais, com investimentos previstos de R$ 6,5 bilhões.Vencedora do leilão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a francesa Engie deve investir R$ 3 bilhões em linhas de transmissão em Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.Milhares de empregos diretosVarejo, defesa, resíduos, produtos farmacêuticos, insumos agrícolas e eventos são outros ramos de atuação. As 1.100 empresas francesas instaladas no Brasil já estão entre as maiores empregadoras do país, com até 700 mil empregos diretos."Não são investimentos recentes, não é como se o Brasil tivesse sido descoberto agora. Porém, há um movimento interessante de pequenas e médias empresas que estão olhando para a América Latina hoje como um local de muito interesse", explica Pedro Antônio Gouvêa Vieira, diretor da Câmara de Comércio França-Brasil.A atração pelo mercado brasileiro vem sendo constante, ainda que com ritmo mais acelerado nos últimos anos devido a certos fatores. "Estabilidade política, territorial, paz com os países vizinhos. É uma região que não tem bomba atômica, não oferece insegurança para ...
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  • Em 100 dias, Trump rompeu com a ordem econômica mundial e forçou parceiros a se reinventar
    Apr 29 2025
    Que Donald Trump é surpreendente, já se sabia. Mas quem imaginaria que, em apenas 100 dias, a ordem econômica mundial viraria do avesso? Guerra de tarifas contra os principais parceiros comerciais, cortes draconianos nos gastos federais, rompimento com a doutrina neoliberal que consolidou a hegemonia econômica dos Estados Unidos desde o pós-guerra – a lista de medidas controversas é longa e seus efeitos positivos, duvidosos. Em menos de três meses, o presidente da maior economia do planeta quebrou a confiança dos aliados e instalou nervosismo nos mercados financeiros, com a sua avalanche quase diária de medidas bombásticas. O chefe de Estado transportou para a política as suas práticas de empresário para negociar."Não há nada de surpreendente no que o Trump está fazendo se analisamos o histórico dele: um homem que se fez no agressivo mercado imobiliário de Nova York. É um choque? É, mas não é nada que ele não tenha prometido que faria, quando chegasse ao governo”, observa Antônio Carlos Alves dos Santos, professor de Comércio Internacional na PUC-SP."Quando ele trata aliados como inimigos, como fez com a Dinamarca em relação à Groenlândia, ou sobre a anexação do Canadá, ele coloca uma desconfiança não apenas nos seus rivais, mas nos seus próprios parceiros. Essa desconfiança, aliada às mudanças na economia, podem fazer com que os países procurem outros aliados, porque não se confia mais nos Estados Unidos”, resume Daniela Freddo, professora de Economia da Universidade de Brasília (UnB).'Um elefante entre porcelanas chinesas'O aumento das taxas de importação pelos Estados Unidos à maioria dos seus parceiros comerciais acentua esta tendência. A guerra tarifária declarada contra a China e as medidas de retaliação de Pequim podem levar os chineses a favorecer outros mercados, inclusive o brasileiro, potencial beneficiado pela manobra. Outro eixo que tende a se fortalecer é o entre o Mercosul e a União Europeia, que podem finalmente acelerar a adoção de um tratado de livre comércio negociado há 25 anos, entre os dois blocos.“É até compreensível que ele coloque tarifas contra a China, mas seria mais sensato que negociasse tarifas menores com a União Europeia, com o Japão, com os países que são parceiros do projeto americano”, afirma Alves dos Santos. ”Trump realmente é um elefante numa loja de porcelana chinesa”, assinala.Nestes primeiros 100 dias do governo do magnata, o Brasil foi alvo de um aumento de 10% das taxas de importação, mas não apareceu como um alvo prioritário das medidas hostis de Trump. O país, entretanto, pode vir a ser uma vítima colateral de uma ofensiva do presidente americano contra o Brics, principalmente se o grupo de potências emergentes acelerar os projetos de substituição do dólar nas suas trocas comerciais, adverte Freddo."Mesmo que o Brasil não tenha sido o mais prejudicado neste primeiro momento, sempre fica a expectativa de não se saber o que ele vai decidir amanhã”, pontua a professora da UnB. “E do ponto de vista comercial, os Estados Unidos são um parceiro muito importante porque são um mercado que compra as nossas manufaturas, com maior valor agregado. São exportações de maior qualidade do que as para a China”, pondera.Reindustrialização americana é pouco provávelDonald Trump alega que os frutos da guerra comercial para os Estados Unidos virão a médio e longo prazo, com a reindustrialização americana. Mas, hoje, nada leva a crer que essa estratégia dará resultados – pelo contrário, o aumento da inflação no país é dado como certo. Ao mesmo tempo, o presidente não sinaliza planejar uma política de Estado robusta para favorecer a indústria nacional.“As propostas econômicas de Trump não têm nenhum fundamento econômico: as tarifas vão aumentar os preços dos produtos consumidos pelos norte-americanos, o que causa um choque inflacionário. É um efeito inegável”, indica Alves dos Santos."Quanto à ideia da reindustrialização, para alguém que vem da América Latina, a gente conhece este discurso e sabe que é um sonho de uma noite de verão. É pouco provável que vá acontecer, numa indústria ultramoderna na qual os americanos não têm condições de encontrar mão de obra ao custo que se encontra fora dos Estados Unidos”, salienta.O professor de Economia da PUC-SP lembra que, antes de Trump, os ex-presidentes Richard Nixon e Ronald Reagan também impuseram ao mundo uma nova postura protecionista americana. Agora, o líder dá sequência a uma mudança na ordem econômica mundial iniciada na pandemia, que levou os países a refletirem sobre o apoio aos setores mais estratégicos das suas economias e a necessidade, para muitos, de reindustrialização."Você tinha isso no Trump 1, teve continuidade no governo do Biden, com um protecionismo mais light, que gerou inclusive conflitos com a Europa. Trump está na continuidade de uma política de ...
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  • Comitiva brasileira faz turnê na Europa para acelerar aprovação de acordo entre Mercosul e UE
    Apr 23 2025
    Aproveitando-se da brecha aberta pelo presidente Donald Trump, que iniciou uma guerra tarifária entre os Estados Unidos e o resto do mundo, uma comitiva brasileira inicia nesta quarta-feira (23) uma turnê por três países europeus para promover o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. A iniciativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE) também conta com empresários. A viagem terá três etapas, ao longo de uma semana: Portugal, Polônia e Bélgica. Lisboa é uma das maiores aliadas de Brasília na ratificação do acordo, assinado em dezembro de 2024 após 25 anos de idas e vindas nas negociações. Entretanto, para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado pelos países que compõem os dois blocos. O texto encontra-se em fase de adequação jurídica e tradução para todos os idiomas dos países envolvidos, um procedimento técnico que deve se estender até agosto ou setembro.O processo pode ser acelerado pelo aumento generalizado das tarifas de exportação para os Estados Unidos, que leva tanto o Mercosul, quanto a União Europeia a buscarem alternativas de mercado para compensar o impacto nas vendas para os americanos. O acordo UE-Mercosul abre as portas de um mercado de 718 milhões de pessoas e tem potencial de atingir US$ 22 trilhões em trocas comerciais.O presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira, Otacílio Soares da Silva Filho, demonstra otimismo. “Nós teremos o bloco mais relevante do mundo. O importante vai ser começar a implementar o acordo, para que as populações dos países possam perceber que é melhor convergir do que divergir”, avalia. “As empresas de vários países membros da União Europeia perceberam que gerar um relacionamento com o sul global, com o Mercorsul, vai gerar um mercado que elas vão poder aceder com mais facilidade do que o mercado americano, nesta atual fase”, constata.Divisão interna na UEEm nota, Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, salientou que a atuação do governo Lula para avançar o processo tem sido “crucial”, mas “ainda há muito trabalho a ser feito”. “Os esforços para aprovação do acordo mostram para o mundo que esses dois grandes blocos estão dispostos a seguir no caminho do multilateralismo, alinhado a práticas sociais, ambientais e de governança”, disse. Para concretizar o projeto, as barreiras internas na Europa precisam cair – este é o objetivo da segunda e terceira etapas da missão da ApexBrasil com o MRE. Ao lado da França, a Polônia se opõe abertamente à conclusão do tratado de livre comércio, por temer a concorrência dos produtos agrícolas do Mercosul.Em Varsóvia, a comitiva brasileira deverá ter reuniões com representantes dos setores de Agricultura, promoção Comercial e Investimentos, e Ciência, Tecnologia e Inovação. O mesmo deve ocorrer em Bruxelas, onde fica a sede da Comissão Europeia, que negocia oficialmente o acordo.Fecham o grupo dos reticentes a Irlanda, a Holanda e a Itália. Juntos, eles poderiam compor um “bloqueio de minoria” ao projeto. Do outro lado, os maiores defensores do tratado são Alemanha, Espanha, Portugal, Dinamarca, Suécia e Estônia, entre outros.França admite que efeito Trump beneficia negociações com MercosulNo começo do mês, durante visita do ministro da Fazenda Fernando Haddad a Paris, o ministro francês da Economia, Eric Lombard, reiterou a oposição francesa à ratificação do tratado, mas reconheceu que a guerra comercial travada por Trump “acelera" as discussões "em favor das negociações" com o bloco sul-americano. Lombard disse que Paris e Brasília têm em comum o desejo de “desenvolver o multilateralismo e o espírito de cooperação no mundo”, porém reafirmou que "as condições hoje não estão postas” para que o texto seja ratificado pela França. O ministro salientou que as condições ambientais e agrícolas previstas no texto ainda precisam “evoluir”.O assunto deve ser um dos focos da visita de Estado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizará à França no começo de junho. “Atualmente, o volume de exportações brasileiras de produtos alimentícios para a França é irrisório. Se, através do acordo chegar perto do volume exportado dos Estados Unidos para a França for substituído pelo Brasil, já estará de bom tom”, comenta o presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira. “Estará bom para o Brasil, e muito bom para a França. Temos que começar por etapas – o que não pode é deixar de começar”, frisa Soares da Silva Filho. Paris tem sido pressionada não apenas pelos países favoráveis ao tratado, mas também, no plano interno, pelos setores mais atingidos pelas tarifas de 20% de Washington aos produtos na Europa. Os produtores de vinhos e destilados, que já defendiam o acordo com o Mercosul, agora têm urgência em ver o pacto concluído.Leia ...
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  • Inflação persistente dos alimentos reflete falhas do modelo agrícola exportador do Brasil
    Apr 16 2025
    Os preços dos alimentos puxam a inflação para cima há anos no Brasil, com impacto em toda a economia. A conjuntura externa contribui para a alta dos preços, mas não explica tudo: a inflação de produtos básicos como carne, tomates, ovos e café reflete gargalos antigos da produção agrícola no país e ilustram o despreparo para lidar com o desafio de peso da crise climática. Os preços dos alimentos têm respondido por cerca de 25% da inflação, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A desvalorização cambial acentuada em 2024 encarece as importações de fertilizantes e de commodities cotadas no exterior, como soja e milho, base das rações animais, e estimula as exportações. As de ovos, um dos vilões da inflação, subiram 342% em março."Por ser um grande exportador e por pegar um período em que os preços no mundo cresceram, não há lógica na racionalidade dos empresários em vender lá fora por um valor e aqui dentro por um menor. Neste século, a FAO indica que os preços dos alimentos em termos reais subiram 72%”, aponta José Giacomo Baccarin, professor de Economia Rural da Unesp e um dos responsáveis pelo programa Fome Zero."Isso tem também um efeito indireto nos produtos em que a gente não tem grande participação internacional, como arroz, feijão, frutas e verduras, porque eles disputam área com os produtos comercializados – você produz mais soja e menos feijão", assinala.Assim, uma potência agrícola como o Brasil pode se encontrar com escassez de oferta para o seu mercado interno, explica o economista André Furtado Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas. "A gente produz tanto que daria para dar conta de exportar e ainda abastecer o mercado brasileiro. A questão é que há um descasamento no processo: você dá conta, mas não o tempo todo”, afirma. "Em algum momento, como quando o rebanho está reduzido, no ciclo da pecuária, se junta com uma moeda desvalorizada, você pode ter um choque de oferta."Remédios de curto prazoEssa dinâmica é acentuada por decisões com efeito de curto prazo do governo, como aumentar as importações para baixar os preços – mas que prejudicam os pequenos produtores nas safras seguintes.“Se você compra leite em pó importado no período de entressafra, você acaba não permitindo que o pequeno produtor recupere o seu aumento de custos – e aí ele quebra. Na próxima safra, você gerou um problema doméstico, porque se ele não parou em pé, na próxima safra a oferta vai ser menor e você vai ter um problema no leite”, salienta Braz. "É uma falta de visão de perceber o quanto essas coisas atrapalham. Você tem que importar em situações muito específicas”, avalia.Somam-se a isso falhas estruturais da cadeia produtiva no Brasil, como a logística, ainda baseada no transporte rodoviário ineficiente, e a armazenagem. Apesar da ter uma vasta rede de rios que atravessam o país, modais de transporte fluvial quase não são usados e o marítimo é subutilizado, assim como o ferroviário. O transporte de carga por caminhões, muitas vezes em estradas sequer pavimentadas, encarece o preço final do alimentos.Debate sobre estoques reguladoresEm meio à inflação persistente, o governo planeja elevar os investimentos em estoques reguladores estratégicos de grãos. Braz reconhece que o mecanismo é caro e de gestão complexa, mas avalia ser uma ferramenta eficiente para o país se defender da alta dos preços, seja por fatores externos ou domésticos.“Os desafios de hoje são desafios climáticos mais frequentes, o que significa que os problemas de safra vão se repetir com mais frequência. Como a gente deve se preparar para eles? Enquanto a tecnologia não nos garante grãos que sobrevivam à inundação e à seca extrema, a gente vai precisar dar um jeito”, diz. A maior recorrência de secas extremas tem afetado as pastagens e levado os pecuaristas a aumentar as importações de milho e trigo para compensar, por exemplo – com impactos em toda a cadeia. “As pessoas não vão poder morrer de fome por isso. Não se fala muito bem de estoque regulador, mas eu penso mais nas pessoas do que no capital."Baccarin prefere uma atuação do Estado mais direta sobre os preços, num contexto em que a demanda internacional deve seguir em alta, sustentada pelo mercado asiático. O aumento do consumo de café na Ásia, por exemplo, é um dos principais fatores que explicam a disparada mundial dos preços do café – no Brasil, um dos maiores produtores e exportadores, o valor subiu 77% em 12 meses, conforme o IPCA, que mede a inflação oficial do país.“Deveríamos ter algum mecanismo interno para não repassar os aumentos momentâneos no exterior para o mercado interno. Um imposto de exportação em momentos de pico de preços funcionaria melhor”, analisa o professor da Unesp. "Em segundo lugar, tornar ...
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