Ganhou grande notoriedade com o filme “O Clube Dos Poetas Mortos” no final da década de 80, em grande parte pela fantástica interpretação do malogrado Robin Williams, mas foi pela escrita de Horácio que a expressão Carpe Diem cravou o seu lugar na História.
Datada de 27 AC, a obra Odes, é uma obra imortal onde Horácio, entre outros temas, aborda a brevidade da vida e a inevitabilidade da morte.
No Livro 1, o poeta observa a sua amiga Leucónoe enquanto ela se ocupa com cálculos astrológicos que, segundo ela, lhe dirão se viverá por muito tempo. Horácio aconselha-a a não se preocupar com tais pensamentos e a não desperdiçar tempo e recursos com essa preocupação.
Antes, deverá saborear e aproveitar o presente, pois o futuro é incerto – carpe diem – a não se iludir com esperanças e a enfrentar a vida pois, enquanto eles falam, ela passa – “aproveita o dia; confia o mínimo possível no amanhã” imortalizou Horácio.
Gosto particularmente de uma fantástica tradução creditada a David Mourão-Ferreira, escritor e poeta lisboeta do século passado:
“De inveja o tempo voa enquanto nós falamos:
Trata, pois, de colher o dia, o dia de hoje,
Que nunca o de amanhã merece confiança.”
Muitas vezes creditado a Walt Whitman, poeta norte-americano do século XIX, mas nunca verificado com exatidão, o seguinte texto por mim traduzido é dos melhores que li sobre este tema:
“Não deixes que o dia termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado os teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressão, que é praticamente um dever.
Não abandones o anseio de fazer da tua vida algo extraordinário.
Certifica-te que acreditas que as palavras e a poesia podem mudar o Mundo.
Aconteça o que acontecer, a nossa essência está intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é tanto deserto como oásis.
Ela derruba-nos, magoa, ensina, converte-nos nos protagonistas das nossas próprias histórias.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua: podes adicionar uma estrofe.
Nunca deixes de sonhar,
porque nos sonhos o Homem pode ser livre.
Não caias no mais fatal dos erros – o silêncio.
A maioria vive num silêncio assustador.
Não te resignes a isso. Foge…
“Eu emito os meus gritos dos tetos deste mundo”, diz o poeta.
Valoriza a beleza das coisas simples.
Podemos fazer bela poesia sobre coisas pequenas,
Não traias as tuas crenças, pois não podemos remar contra nós mesmos:
Isso será transformar a vida num inferno.
Desfruta do pânico que é ter a vida à tua frente.
Vive intensamente, sem mediocridade.
Lembra-te que o futuro está dentro de ti,
Por isso enfrenta os teus deveres com orgulho e sem medo.
Aprende com quem pode ensinar-te.
Com as experiências daqueles que nos precederam – os nossos “Poetas Mortos”.
Eles ajudar-te-ão a percorrer a vida.
A sociedade de hoje é nós mesmos – os “Poetas Vivos”.
Não permitas que a vida passe sem teres vivido!”
Só temos uma oportunidade para agarrar o dia de hoje. Não haverá outro dia como o dia de hoje. Amanhã este dia já terá ido, e já teremos perdido essa oportunidade.
O que será que queremos sentir quando nos perguntarem “Como foi o teu dia”?
Será que queremos responder à pergunta “Que fizeste hoje?” com um redondo, escuro e triste… “Nada”?
#carpediem
#mementomori
Obrigado e até ao próximo episódio do The Crafter’s Skull