• Próxima Parada: Paris 2024

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Próxima Parada: Paris 2024

By: RFI Brasil
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  • 2024 tem Olimpíada e Paralimpíada em Paris. Por trás dos eventos, há histórias, símbolos, mudanças na cidade e na sociedade. É isso que a RFI Brasil conta nesta série de cinco episódios. A reportagem é de Cristiane Capuchinho.

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Episodes
  • Em 1924, Paris mudou Olimpíada e viu estrear 1° atleta negro do Brasil
    Jul 25 2023
    O anúncio feito em Lima oficializando Paris como sede dos Jogos Olímpicos de 2024 foi recebido com grande festa. Não só porque a capital francesa preparava sua candidatura desde 1997, mas também porque isso significava a volta da tocha olímpica após cem anos à cidade-berço dos Jogos Olímpicos da era moderna. Cristiane Capuchinho, da RFIQuando se fala em Olimpíada, a relação que se faz é diretamente com a Grécia, Olímpia e a maratona da antiguidade. Mas os jogos como conhecemos hoje surgiram de uma reunião na Universidade de Sorbonne, no coração de Paris.O personagem central dessa história é Pierre de Coubertin, reconhecido como o fundador das Olimpíadas modernas. O francês é um aristocrata entusiasta do esporte que, aos 29 anos, imagina a retomada dos Jogos Olímpicos. "Em 1892, ele faz seu primeiro discurso com essa ideia. Dois anos mais tarde, em 1894, acontece um congresso em Paris para definir uma regra internacional para o esporte amador. Na época, o amadorismo não era definido da mesma forma em todos os esportes e países. Coubertin usa esse Congresso Internacional para lançar a ideia dos Jogos Olímpicos da era moderna e, dessa vez, ele tem um apoio entusiasmado", explica o historiador e professor da Universidade de Lausanne, Patrick Clastres.E assim nasce o Comitê Internacional Olímpico (COI), que será responsável por garantir que a cada quatro anos uma capital receba os Jogos. Coubertin, logicamente, queria que a primeira edição acontecesse em Paris, mas ele é obrigado a ceder e, em 1896, por razões simbólicas, a primeira Olimpíada da era moderna é realizada em Atenas.A Cidade Luz organiza a segunda edição, em 1900. No entanto, essa Olimpíada, que ainda é um evento menor, acontece ao mesmo tempo que a Exposição Universal em Paris, que na época era o grande acontecimento mundial. Os atletas mal sabem que competem pelos Jogos Olímpicos e alguns campeões morrem sem saber que participaram de uma Olimpíada oficial. "O COI considera os Jogos de 1900 como Jogos Olímpicos. Mas, na verdade, não havia nada de Olímpico neles, foram competições realmente organizadas pela Exposição Universal. Com amadores, profissionais, uma série de modalidades que não existiam nos Jogos Olímpicos realizados em Atenas em 1896 e que nunca mais vão aparecer nas Olimpíadas", conta o pesquisador Patrick Clastres.A edição termina como uma grande decepção para Coubertin, que anos mais tarde diz que “é um milagre que o movimento olímpico tenha sobrevivido a esses Jogos”.Em 1924, uma revolução no esporteMas em 1924, durante os Anos Loucos, Paris tem sua revanche. "Esses jogos representaram um avanço em termos de globalização do esporte, pois novas nações de todo o mundo vieram participar. O Egito, a Índia e a Turquia, por exemplo", lembra o historiador de Lausanne. Pela primeira vez na história dos Jogos, é montada uma espécie de Vila Olímpica, para alojar os atletas vindos de 44 países de todo o mundo. Os dormitórios são feitos de madeira, e cada um tem três camas. Os banheiros e os chuveiros são compartilhados, como em um camping. As três refeições diárias também são realizadas no refeitório comum.Os únicos a não ficarem na Vila Olímpica são os esportistas americanos. A delegação dos Estados Unidos preferiu alugar um castelo para seus atletas pelo conforto e para garantir boas condições de treinamento.A Vila Olímpica de 1924 foi desmontada, mas a partir desta edição todas as sedes passaram a preparar alojamentos para os atletas.E essa não é a única inovação desses Jogos. Pela primeira vez há uma cerimônia de encerramento, além da de abertura. Os estádios passam a ter alto-falantes, o que significa que o público é informado sobre as competições que acontecem ali. São criadas as cabines de transmissão para os jornalistas poderem assistir aos Jogos de um lugar privilegiado e, pela primeira vez, há transmissão ao vivo pelo rádio."Os jogos de 1924 marcam a história olímpica pela introdução da narrativa radiofônica. Até 1924, toda a narrativa dos feitos olímpicos era dada pelo texto escrito. Com o advento do rádio e das transmissões radiofônicas, há um novo componente introduzido nessa aproximação do público não presencial. Os jogos passam a ser acompanhados a partir da análise e da voz dos locutores de rádio", conta a historiadora do esporte Katia Rubio, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo). Depois do fracasso de 1900, os Jogos de Paris em 1924 são um sucesso de público. Alguns atletas vão marcar a história, e não só esportiva. Um dos nadadores americanos brilha na piscina de Tourelles: John Weissmuller conquista três medalhas de ouro. Anos mais tarde, o nadador encarna o Tarzan nos cinemas de todo o mundo. E o Brasil nisso tudo? O Brasil quase não participou da Olimpíada de Paris em 1924. Apesar de ter sido convidado, o governo ...
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  • A imagem que a França quer passar com os Jogos de Paris 2024
    Jul 25 2023
    Sediar Jogos Olímpicos e Paralímpicos é a oportunidade de um país tentar vender uma imagem de si mesmo para o mundo. Com quais cores a França vai se pintar na hora de se exibir para 4 bilhões de pessoas? Cristiane Capuchinho, da RFICandidatar-se como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos é um projeto grandioso. Significa ser o centro das atenções mundiais todos os dias ao longo de um mês. O investimento é grande: a estimativa é de R$ 50 bilhões em dinheiro público e privado. Muitas vezes, o objetivo bradado são os ganhos econômicos com o turismo, no entanto, o projeto inclui a estratégia política de influenciar o mundo com seu "soft power"."Serão 4 bilhões de espectadores, dos quais 1 bilhão apenas na cerimônia de abertura. Então, por essência, este é um projeto político", explica Vincent Roger, secretário do Ministério do Esporte e autor do livro "Paris 2024, um desafio francês".Além de exibir a Torre Eiffel, o Louvre e o Palácio de Versalhes, essa visibilidade oferece a oportunidade de criar ou de consolidar uma imagem de Paris e da França no mundo. Que imagem é essa?O slogan escolhido dá a ideia de uma Olimpíada popular: "Ouvrons Grand les Jeux", em português a tradução seria algo como "Jogos Bem Abertos".A imagem escolhida é a de um país democrático, de direitos humanos e de inclusão popular. Para passar essa ideia, os Jogos de 2024 voltaram à Revolução Francesa, presente no emblema e também na mascote. E para consolidar essa imagem, a maratona de Paris 2024, prova mais emblemática da Olimpíada, refará os passos das mulheres em um episódio central da Revolução Francesa.O historiador Daniel Gomes de Carvalho, professor da UnB (Universidade de Brasília), explica que a Marcha das Mulheres sobre Versalhes é o protesto que obriga o rei francês a deixar seu mais luxuoso palácio e ir para perto do povo, em Paris."Em outubro de 1789, Luís XVI ainda não tinha aceitado a Revolução. Ele não se pronuncia sobre a declaração do homem e do cidadão. Ele não sanciona a abolição dos privilégios", relata o historiador.Enquanto o rei se mostrava reticente a deixar o poder nas mãos do Parlamento, em Paris cresce o medo de que o monarca possa vetar leis e, assim, continuar com o poder supremo. "Nesse momento, chega em Paris um boato sobre um banquete em Versalhes em que os oficiais da monarquia teriam pisado na insígnia tricolor, no vermelho, azul e branco." Esse boato será a gota d'água para um grande protesto, que reúne cerca de 7.000 mulheres em direção a Versalhes. E a população parisiense está armada", salienta o professor."Essa marcha mostra para o rei que a posição dele era muito mais precária do que ele próprio imaginava. Na mesma noite da marcha o rei assina a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. E nunca mais a coroa vai ocupar o Palácio de Versalhes", finaliza Daniel Gomes de Carvalho.A maratona que começa no centro, diante da prefeitura de Paris, vai seguir até o Palácio de Versalhes e vai retornar a Paris para terminar na esplanada diante do Hotel dos Inválidos. Bonés da revolução na França e no BrasilAs mascotes escolhidas também retomam a Revolução: são bonés vermelhos, que oficialmente levam o nome de barretes frígios. Os barretes têm uma história muito anterior a 1789, eles teriam sido usados por escravos romanos que conquistaram sua liberdade. E, durante a Revolução Francesa, o acessório foi resgatado por aqueles que lutam pela própria liberdade.Por conta da influência francesa, os bonés vermelhos aparecem em diversos lugares do mundo, e inclusive no Brasil. "O barrete frígio aparece no brasão de armas da Argentina, da Nicarágua, de El Salvador, aparece na Bandeira do Paraguai", lista o professor da UnB. "No Brasil, o barrete frígio aparece na bandeira do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Aparece nos brasões dos estados do Acre, do Amazonas, da Bahia, da Paraíba, da cidade do Rio de Janeiro, de Viamão e de Maceió."Apagar imagem de criseCom isso tudo, a França quer apagar a imagem de crise social passada ao mundo pelo noticiário com seus grandes protestos de ruas, carros incendiados e uma revolta popular que tem reaparecido com frequência.O historiador Patrick Clastres, da Universidade de Lausanne, considera que essa escolha de símbolos é um recado para os franceses e para o mundo."A Olimpíada ajuda a produzir um romance nacional, isto é, inventa uma história para o país que nunca existiu. As pessoas que foram às ruas durante os coletes amarelos não eram revolucionárias, era gente que exigia uma vida decente. Na greve da reforma da Previdência, era para ter uma aposentadoria decente em boas condições"", afirma o historiador. "Fazer marketing com o barrete frígio e a Revolução Francesa é uma forma de tentar impor um contradiscurso na sociedade francesa. E, para o mundo, é uma forma de tentar promover a França como país de liberdades e de ...
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  • Com 400 kms de ciclovias, Paris quer Olimpíada como vitrine do uso de bicicletas
    Jul 25 2023
    As campainhas de bicicleta viraram, nos últimos anos, uma das trilhas sonoras da capital francesa. São mais de 200 mil ciclistas que cruzam a cidade todos os dias. A revolução de duas rodas está estreitamente ligada com a expansão das ciclovias em Paris. A capital francesa tem mais de 300 km de vias dedicadas às bicicletas. E, para os Jogos Olímpicos, a promessa é que todos os locais de competição da região parisiense possam ser acessados através de 400 kms de ciclovias. Cristiane Capuchinho, da RFIA França pretende fazer dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Paris uma "vitrine do uso da bicicleta na França", como disse a primeira-ministra Élisabeth Borne. O país pretende mostrar ao mundo a revolução iniciada há mais de uma década no país do Tour de France. As mudanças começaram em Paris a partir de 2008, quando um plano de criação de ciclovias começa a ser implementado, mudando o aspecto de ruas e calçadas da capital. Em 2018, quando Borne ainda era ministra dos Transportes, o governo francês lançou um plano para financiar a criação de ciclovias em todo o país e subsidiar a compra de bicicletas elétricas pelos franceses, entre outras coisas. O objetivo do governo era investir em um meio de transporte sem emissão de gases de efeito estufa que, ao mesmo tempo, seja acessível para populações carentes e bom para a saúde.Apesar do interesse governamental, as mudanças urbanas necessárias para a criação de ciclovias criaram grandes tensões com a população de motoristas, indispostos a perder espaço no tráfego. Ciclovias da pandemiaNo entanto, a pandemia da Covid-19 foi um ponto de virada. O alto risco de contaminação dentro do transporte urbano fez com que a prefeitura de Paris implantasse temporariamente mais de 50 km de novas ciclovias. Assim a população podia trocar o risco da Covid no metrô pelo deslocamento feito sobre uma bicicleta.Desde então, "o número de ciclistas aumentou exponencialmente desde a pandemia na região de Île-de-France. E isso salta aos olhos. Tanto em Paris quanto na periferia", comenta vice-presidente do Coletivo Vélo Île-de-France, Jeanne de Bruges.Atualmente, 7% dos deslocamentos em Paris são feitos de bicicleta. E alguns trajetos já estão sobrecarregados de ciclistas: uma das ciclovias que ligam o norte ao centro de Paris mais utilizadas, a do Boulevard Sebastopol, registrou o recorde de receber 19 mil ciclistas em um único dia.Essa adesão massiva viabilizou a aceleração da criação de ciclovias ou da adaptação de vias para as bicicletas. E impulsionou a campanha cidadã para que os Jogos Olímpicos de 2024 fossem completamente acessíveis em bicicletas."Essa é uma oportunidade de acelerar as coisas e remover certos obstáculos que, em tempos normais, estariam muito mais presentes. Queremos estender essa febre do ciclismo para que a bicicleta seja um meio de transporte cotidiano. Isso significa garantir que as pessoas possam viajar em instalações seguras, tenham espaço para deixar as bicicletas nas estações de metrô, de trem", sublinha a ativista.Um rio para nadarEnquanto os ciclistas já ocupam as ruas de Paris, os nadadores terão de aguardar até 2025 para entrar nas águas do rio Sena, uma segunda revolução urbana, já que desde 1923 essa prática no rio é proibida por lei.Em 2024, as competições de nado livre, de triatlo e de paratriatlo serão realizadas nas águas do Sena. E, a partir de 2025, serão abertos três locais onde a população poderá entrar para nadar. Isso significa um grande esforço para despoluir as águas do rio, mas muito mais do que isso, para resolver problemas na rede de esgoto e mudar a gestão da água na cidade.O objetivo de abrir as águas do Sena para banhistas está relacionado a um projeto de melhora da qualidade de vida da população pressionado pelas mudanças climáticas. Os verões franceses têm sido cada vez mais quentes. O pico do calor costuma acontecer entre julho e agosto, em que os dias chegam a ter 16 horas de sol e alcançam temperaturas acima dos 40 graus."Isso faz com que precisemos de locais frescos. Em Paris, foi realizada uma pesquisa sobre os locais existentes que poderiam ser chamados de ilha de frescor. O objetivo é criar uma rede de lugares que já existem, considerando não apenas espaços públicos, mas também museus, igrejas, para que todo parisiense tenha um lugar fresco a poucos minutos de casa para se refugiar durante uma onda de calor", explica Julia Moutiez, do Laboratório Arquitetura, Cidade e Meio Ambiente, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS).E um dos lugares mais frescos da cidade são as margens dos rios. "Em uma cidade que é muito densa e muito cimentada, os rios são um dos principais espaços públicos de frescor, principalmente em bairros que quase não têm árvores ou parques", destaca Moutiez.
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