Justiça francesa estende prisão preventiva de ex-pastor brasileiro acusado de pedofilia; julgamento será em novembro Podcast Por  arte de portada

Justiça francesa estende prisão preventiva de ex-pastor brasileiro acusado de pedofilia; julgamento será em novembro

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Em audiência no tribunal de Chamberry, na região da Alta Sabóia, nos Alpes franceses, em 3 de julho, a Justiça rejeitou o pedido de liberdade condicional apresentado por Edi Maikel dos Santos Silva, estendendo a sua prisão por mais seis meses. Na prática, conforme demanda do Ministério Público francês, o ex-pastor brasileiro, acusado de seis crimes sexuais contra menores de idade na França, ficará preso até o julgamento, marcado para novembro deste ano. Maria Paula Carvalho, de Paris Natural de Belém do Pará, Edi Maikel dos Santos Silva, de 37 anos, está preso preventivamente por decisão do Tribunal de Annecy, no sudeste do país, desde maio de 2022. Sua detenção foi prorrogada quatro vezes, enquanto responde por três estupros e três agressões sexuais contra menores. Em três desses casos, o acusado tinha autoridade sobre a vítima, o que pode acentuar a pena, em caso de condenação. A RFI acompanha o processo em que pelo menos oito vítimas prestaram queixa à Justiça e relataram ter sido agredidas por Edi Maikel ao longo dos últimos 20 anos. Fabrício Cordeiro Brasil foi quem denunciou o ex-cunhado, após descobrir que duas de suas filhas haviam sido molestadas pelo ex-pastor. "Eu sinceramente estou um pouco aliviado, porque já há uma data fixada para o julgamento. Porém, sinto também uma pequena apreensão, porque não se sabe o que os juízes decidirão", disse em entrevista à RFI. "O ideal seria que ele pegasse cadeia mesmo. Pena máxima para ele pagar por tudo o que cometeu no território francês, tanto na Guiana [Francesa] quanto aqui na França", desabafou Cordeiro ao ser questionado sobre sua expectativa para o julgamento. "Mas também iremos insistir para que ele seja julgado no Brasil, porque lá ele também deixou vítimas. Espero que Justiça seja feita e que seja bem pesada para ele", completa. Um trauma para as vítimas Duas sobrinhas e a enteada de Edi Maikel estão entre as vítimas e todas eram menores de 15 anos no momento dos fatos. De acordo com os depoimentos à Justiça, aos quais a RFI teve acesso, o ex-pastor é acusado de tocar partes íntimas das meninas, de ter esfregado o pênis contra as nádegas e a vagina delas, acariciado o ânus e, em certos, casos, com penetração. Camilla Araújo de Souza é sobrinha de Edi Maikel, o que não impediu os abusos. Hoje, aos 28 anos, ela lembra das primeiras agressões. "Minha mãe surpreendeu a gente, ele tentando esfregar o pênis dele no meu bumbum", disse à reportagem da RFI. "As penetrações do pênis dentro da vagina começaram quando eu tinha 12 ou 13 anos. E sempre que não tinha alguém por perto, ele tentava algo. Me chantageava (dizendo) que ia se matar se eu não fizesse tal coisa", acrescenta. A RFI também ouviu as irmãs Kissia e Victoria Cordeiro, filhas do denunciante Fabrício Cordeiro, e citadas no processo. "Eu era pequena, tinha cinco ou seis anos, morava na Guiana Francesa", contou Kissia. "Nessa época, o meu tio Edi Maikel morou com a gente em um estúdio e ele dormia na mesma cama que eu. Todas as noites, eu me acordava com a mão dele na minha calcinha", revela. A irmã Victoria Cordeiro também diz ter sido abusada pelo tio. Foi em 2009, quando a família passava uma temporada no Brasil. Na época, a menina tinha quatro anos. Mas somente aos 17, a jovem tomou coragem para falar sobre o assunto. "Enquanto os outros dormiam, eu fui ao banheiro e Edi Maikel me seguiu. Eu pedi a ele para me ajudar, ele pediu que eu me virasse de costas e começou a me tocar de forma estranha nas partes íntimas. Foi desagradável, mas aos 4 anos, eu não sabia o que acontecia. Ele não parou, fazia coisas atrás de mim, apesar de eu chorar. Quando ele terminou, mandou eu me calar e me deu um pirulito para eu me conter", diz. O brasileiro, que chegou a atuar como pastor na França, pode pegar até 20 anos de prisão, já que a legislação do país prevê penas mais duras quando há agressão de membros da própria família. Elas eram crianças na época dos fatos e seus depoimentos serão fundamentais para uma possível condenação, segundo a advogada das vítimas. A RFI também entrevistou uma testemunha do caso, que prefere manter o anonimato. Ela era amiga da família e conta que também foi agredida por Edi Maikel. "Ele foi violento, me empurrou na parede e foi me agarrando, passando a mão em mim, nos meus seios e querendo me beijar", relata. "A prima dele que estava em casa ouviu a porrada na parede. Ela veio e começou a pedir para ele me largar. Foi quando ele meteu a mão na minha boca para eu não gritar e dizia que não ia me largar", conta. Hoje com 32 anos e mãe de um casal de filhos, ela espera que ele responda por seus atos. "Ele deve pagar porque deixou sequelas na vida das meninas e não só delas, pois cheguei a me sentir culpada", lembra. "É muito doloroso viver com isso. Eu fico me perguntando como as meninas viveram sem poder falar sobre isso durante ...
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