Com ataques ao Irã, Israel força remodelação incerta do Oriente Médio, explicam revistas francesas Podcast Por  arte de portada

Com ataques ao Irã, Israel força remodelação incerta do Oriente Médio, explicam revistas francesas

Com ataques ao Irã, Israel força remodelação incerta do Oriente Médio, explicam revistas francesas

Escúchala gratis

Ver detalles del espectáculo

Acerca de esta escucha

As edições semanais das revistas francesas Le Point, L’Express e Le Nouvel Obs abordam, sob ângulos distintos, a escalada do conflito entre Israel e Irã, revelando visões contrastantes sobre suas causas, legitimidade e consequências.

Em dois editoriais, a Le Point exalta a ofensiva israelense como uma ação estratégica e necessária contra a ameaça nuclear iraniana, destacando o apoio tácito de países árabes e fragilidades do eixo antiocidental. A L’Express analisa os bastidores diplomáticos, o fracasso das negociações e o reposicionamento da França diante da crise. Já Le Nouvel Obs adota um tom crítico, denunciando a militarização crescente de Israel sob o governo de Benjamin Netanyahu e alerta para os riscos morais e geopolíticos de uma guerra preventiva.

Com a imagem de Ali Khamenei em sua capa e a manchete "O crepúsculo dos aiatolás", a Le Point adota uma perspectiva fortemente favorável à ofensiva israelense, defendendo a legitimidade da guerra preventiva como resposta à ameaça nuclear representada pelo regime islâmico, há 46 anos no poder em Teerã.

Israel é descrito como um pequeno Estado corajoso, isolado, mas determinado, agindo por sua sobrevivência e pela segurança regional. O autor do editorial destaca que vários países árabes, embora silenciosos, apoiam discretamente essa ação, expressando sua aprovação com frases de agradecimento a Israel. O texto critica a complacência de certos meios de comunicação ocidentais com o regime iraniano, qualificado como uma teocracia brutal e corrupta. Os perigos de um Irã nuclear são detalhadamente descritos pela revista, mas é impossível saber qual será o futuro do Oriente Médio após essa escalada.

Como complemento, um segundo editorial da Le Point destaca que a frente antiocidental formada por Irã, Rússia, China e Coreia do Norte também está fragilizada: Pequim e Moscou, apesar de suas alianças com Teerã, evitam qualquer envolvimento direto no conflito. Desde o ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel, a retaliação israelense enfraqueceu não só o Hezbollah, o Hamas e a Síria, mas também expôs divisões internas no eixo das autocracias, avalia a Le Point.

Bastidores diplomáticos

A L’Express foca nos bastidores diplomáticos e no fracasso das tentativas de mediação, especialmente a iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, de junto com a Arábia Saudita atuar pela solução de dois Estados na região, por meio do reconhecimento da Palestina ao lado de Israel.

A ofensiva israelense é apresentada como uma resposta à ameaça iraniana, com apoio tácito do Ocidente, mas também como um sinal da falência da via diplomática diante de um Irã considerado manipulador. A posição francesa, embora isolada, é descrita como equilibrada, mantendo a crítica à radicalização de Netanyahu e à crise humanitária em Gaza. A França, embora marginalizada por Israel, mantém uma posição equilibrada e pode pedir o retorno das sanções contra Teerã, estima a L'Express.

Desrespeito ao direito internacional

Em contraste com as outras publicações, a Le Nouvel Obs adota um tom crítico à estratégia militar de Israel, especialmente à condução de Netanyahu. O editorial denuncia uma escalada bélica contínua e uma ruptura com a postura defensiva histórica de Israel, que agora seria um novo agente de desestabilização regional.

Embora reconheça a natureza autoritária do regime iraniano, a revista questiona a legitimidade de uma guerra preventiva e critica o unilateralismo israelense, comparando-o à invasão do Iraque em 2003. A ofensiva é vista como uma tentativa de Netanyahu de restaurar apoio interno e externo, mas à custa do direito internacional e da estabilidade regional.

Todavía no hay opiniones